Conhecendo Frank Duff – 3ª Parte

A centelha inicial

A Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria

Nos fins de tarde, Frank Duff costumava frequentar Myra House, onde havia sempre alguma coisa a fazer. Raro era o dia em que não houvesse qualquer reunião ou conferência. Uma vez, Frank entrou numa sala, no momento em que um indivíduo, entusiasmado, aconselhava um livro aos ouvintes. Frank sempre se interessara por livros. Parou para escutar. Não conhecia o autor, Luiz Maria Grignion de Montfort, nem a obra. A discussão não lhe despertou o interesse; em breve esqueceu o fato.

Frank gostava de ler. Frequentava regularmente as lojas de livros “em segunda mão” (sebos) e os quiosques de venda de livros, então existentes em Dublin. Um dia passeando o olhar por uma série de livros expostos, deparou com um pequeno volume de Luis Maria Grignion de Montfort – TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO à SANTÍSSIMA VIRGEM – traduzido para o inglês pelo Padre Faber. Lembrou-se Frank de que era o livro sobre o qual ouvira elogios, e como o preço não era alto, comprou-o e leu-o do princípio ao fim.

Grignion de Montfort ensina que Cristo veio ao mundo por Maria e continua a atuar por meio dela. Quer dizer, nasce e cresce em cada alma por Maria, e tudo acontece por obra do Espírito Santo. Aquele que se deu inteiramente a Maria, que lhe entrega todos os seus bens temporais e espirituais, que tudo faz com Ela, n’Ela e para Ela, coloca-se na mesma corrente da graça divina. Frank achou o livro exagerado, e colocou-o na prateleira sem intenção de voltar a lê-lo. Frank Duff, como a maioria dos irlandeses, era devoto de Nossa Senhora, Reconhecia que Ela era a maior dentre os santos e por isso podíamos pedir sua intercessão junto a Deus, mas daí a reconhecer o papel único de Maria no plano divino da Redenção, era um longo caminho que Frank ainda não havia percorrido, mas que teve que procurar e encontrar laboriosamente. Pode-se colocar nos lábios de Nossa Senhora a frase usada por Jesus: “Não fostes tu que me escolhestes, fui eu que vos escolhi a vós…” Maria sabe muito bem ganhar o coração daqueles que escolheu. Para isso serve-se, às vezes, de outras pessoas.

Tom Fallon era dirigente da Sociedade de São Vicente de Paulo, da qual Frank era membro, um dia subitamente perguntou a Frank: _ Você conhece a “Verdadeira Devoção a Nossa Senhora” de Luis de Montfort?

_ Sim, já li o livro.

_ Que lhe parece?

_ Não gosto dele.

_ Então não o leu bem.

_ Li do princípio ao fim.

_ Talvez, mas não a fundo. Talvez o tenha folheado apenas. Leia-o de novo.

Frank tinha grande apreço por Tom e obedeceu – mas a segunda leitura não o fez mudar de opinião. Na reunião seguinte Tom perguntou a Frank:

_ Você já leu de novo o livro?=

_ Li, mas ainda o acho exagerado.

Tom não desistiu. Sempre que se encontravam, voltava ao assunto. A insistência do amigo, deve ter-lhe provocado a inspiração de que ” o conteúdo do livro era verdadeiro, se o não compreendia era porque lhe faltava conhecimento suficiente sobre Nossa Senhora e seu papel no plano da Redenção. Frank procurou sanar essa lacuna. Tendo passado alguns dias na Abadia de Mout Melleray, solicitou que lhe emprestassem para leitura um livro sobre Nossa Senhora que fosse ao mesmo tempo profundo e de fácil compreensão. Foi-lhe emprestado um livro de umas 300 páginas, intitulado “O conhecimento de Maria”, escrito por Joseph de Concílio. Como Frank convenceu-se de que não encontraria exemplares do livro à venda, decidiu copiá-lo. Todas as noites ficava até altas horas copiando o livro. Com isso pode gravá-lo em seu espírito de forma mais efetiva do que se apenas o tivesse lido. Daí resultou, como previra, uma mais perfeita compreensão da “Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, de Grignion de Monfort.

Como verdadeiro apóstolo, que era, não guardou só para si o “tesouro” que descobrira. Levou para as reuniões de grupo em Myra House o estudo do livro de Grignion de Montfor. Alguns membros do grupo ficam logo interessados, outros apresentam interrogações e dúvidas. Foi marcada uma reunião especial, para a qual são convidadas todas as pessoas interessadas. Foi numa tarde inteira de agosto de 1921 que passaram a debater e explicar a doutrina do bem-aventurado Luis Maria Grignion de Montfort, que na época ainda não havia sido canonizado. Quando os participantes da reunião se separaram estavam decididos a adotar a Verdadeira Devoção e dentro desse espírito consagrarem-se a Nossa Senhora.

Nosso próximo capítulo vamos falar sobre o nascimento da Legião de Maria. Até a próxima viagem na vida de Frank Duff.

Fonte: “UM PIONEIRO DO APOSTOLADO LAICAL FRANK DUFF E A LEGIÃO DE MARIA” – Hilde Firtel

Compilado por Abigail Duarte

Revisado pela Secretaria de Comunicação do Senatus Assumpta do Rio de Janeiro

#FrankDuff

Texto: Hélio Euclides

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