Allocutio – Boletim Concilium (Fevereiro/2016)

QUARESMA: BATISMO E A VERDADEIRA DEVOÇÃO À MARIA – Boletim n° 1085

A Igreja, inspirada nos ensinamentos do próprio Jesus, manda que celebremos a Quaresma com espírito de alegria: “Quando jejuardes, não tomais um ar triste, como os hipócritas, que mostram um semblante abatido, para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: estes já receberam sua recompensa. Quando jejuardes, perfumai a cabeça e lavai o rosto; assim, não parecerá aos homens que jejuais, mas somente a vosso Pai que está presente no oculto; e vosso Pai que está no lugar oculto vos recompensará (Mt 6,16-18). A Quaresma nos traz um grande incentivo e inspiração se prestarmos atenção. Alguns se envolvem mais com as obras espirituais e corporais de Misericórdia, outros procuram ir à Missa diariamente, outros se afastam das bebidas alcóolicas, outros procuram fazer uma boa Confissão, outros procuram rezar o Rosário diariamente ou rezam o Ofício Divino, tornando-se Pretorianos ou Adjutores da Legião, finalmente pretendem ser melhores seres humanos; Toda a Igreja procura renovar-se centrando na amizade pessoal com Jesus Cristo.

Não é de admirar que a Igreja procure, durante a Quaresma, a alegria do Evangelho de que o Papa Francisco está sempre falando. Mas durante esta Quaresma, eu gostaria de repetir, sob a tutela de São Luís Maria de Montfort, do Batismo e sua relação com a Verdadeira Devoção a Maria. Originalmente, a Quaresma era a preparação do final dos catecúmenos para o Batismo, e para quem já foi batizado, uma preparação séria para a solene renovação das duas promessas Batismais. A Vigília Pascal foi e ainda é o momento mais importante do Ano Litúrgico. Acho até que vale a pena citar algumas linhas da Programação da Páscoa, o Exulttet. E por que o Batismo é o tema central da preparação central de São Luís Maria de Montfort, em seu livro da Verdadeira Devoção a Maria e outros escritos? O Batismo é tão central como tema da Quaresma na grande celebração da Páscoa? O Batismo é extremamente importante. No Batismo recebemos a nossa identidade cristã. Somos batizados em Cristo tornando-nos membros de seu Corpo Místico, Filhos do Pai e Templos do Espírito Santo. No Batismo estamos totalmente imersos em Cristo, na sua Morte e Ressurreição. Monfort chama o Batismo uma Consagração Total a Jesus Cristo e esta Consagração é a base de toda a sua espiritualidade.

Às vezes ouve-se que a Verdadeira Devoção a Maria, de Montfort, vai longe demais, e, portanto, a Legião de Maria também. É difícil acreditar que tenham lido a Verdadeira Devoção a Maria ou o Manual da Legião procurando entender. Por exemplo, Montfort escreve na Verdadeira Devoção: “Se a nossa Devoção a Nossa Senhora nos distrair da Devoção a Nosso Senhor teremos que rejeitá-la como uma ilusão do diabo”. Ou, na sua maior obra O Amor da Sabedoria Eterna, ele escreve: “Conhecer Jesus Cristo é saber tudo o que precisamos… presumir saber tudo e não conhecê-Lo, é não saber nada”. Para Montfort, Cristo detém a primazia absoluta na sua espiritualidade, e o mesmo é verdade para Frank Duff e a Legião de Maria que ele fundou. A nota no final do índice do manual diz tudo: “Não incluímos neste índice qualquer referência a Jesus Cristo. É que ele está presente em todas as páginas do manual e aí se poderá encontrar. Em toda parte, em todas as circunstâncias e acontecimentos, o legionário deve encontrar Jesus”. Lê-se também com grande proveito um importante artigo do irmão Duff: “A Legião é pura cristandade”.

Então finalmente, onde a nossa Consagração a Maria, como ensinado na Verdadeira Devoção de Montfort, se encaixa na total Consagração a Cristo, que é a realidade do Batismo? Talvez seja mais fácil citar Montfort novamente: “Quanto mais se é Consagrado a Maria mais se está Consagrado a Jesus.” É por isso que a Perfeita Consagração a Jesus é uma Consagração perfeita e completa de si mesmo à Virgem… ou em outras palavras, é a perfeita renovação dos votos e promessas do Santo Batismo.” Para Montfort, não se pode compreender a Verdadeira Devoção a Maria, fora do contexto do Batismo. O papel maternal de Maria permite-nos crescer em nosso relacionamento com Cristo e por Ele, na Trindade, que começou no Batismo. Tenham vocês todos uma Quaresma em Jesus por meio de Maria. Amém.

Por: Frei Bede McGregor (Diretor Espiritual do
14 de fev. de 2016

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