O dever de “expandir o Reino”

O evangelho de Mateus termina com esta ordem de Jesus: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (cf. Mt 28,19). Depois de haver Ressuscitado, o Senhor aparece aos discípulos, continua lhes ensinando muitas coisas e, antes de subir para o Pai, a fim de enviar de lá o Divino Espírito, ele envia os seus discípulos, a fim de que façam, em toda parte, novos discípulos.

A Legião de Maria como parte integrante que é da Igreja do Senhor, deseja cumprir esse mandato. Em virtude disso, o Manual da Legião de Maria exorta os seus membros a “expandir a Legião”: “O dever de expandir a Legião não é apenas dos Conselhos Superiores e dos Oficiais das Curiae. Pertence, não só a cada um dos membros das Curiae, mas, individualmente, a cada um dos legionários. A eles deve-se fazer compreender esta obrigação e pedir contas, de vez em quando, do que a este respeito realizaram.”[1] A expansão da Legião nada mais é do que a expansão da Igreja e, portanto, do reinado de Cristo sobre a terra e sobre os corações dos homens.

Temos visto esta expansão acontecer de ponta a ponta de nosso imenso país. Eu tive a graça de visitar, na oitava de Páscoa desse ano, durante o mês de março, mais precisamente de 28 de março a 01 de abril, essa “expansão” acontecendo maravilhosamente em terra acreanas.

Essa visita extra-oficial, a pedido do Sr. Bispo de Rio Branco, Dom Joaquín Pertíñez Fernández, OAR, teve como objetivo falar da Legião de Maria para os presbíteros, os diáconos e as comissões de leigos, responsáveis pelas mais diversas paróquias daquela tão grande diocese.

O primeiro de todos os encontros foi com os presbíteros reunidos durante uma semana inteira para aprofundar sua formação. Tal encontro, de per si, me chamou muito a atenção. Como sabemos, as atividades da Semana Santa exigem muito dos sacerdotes e, é claro, também de todo o povo de Deus que nelas participa ativamente. Contudo, aqueles sacerdotes incansáveis, ali estavam reunidos para aprender mais, a fim de assim poder servir melhor à Igreja do Senhor. A sua acolhida à minha pequena palestra sobre a Legião de Maria foi a melhor possível. Alguns se interessaram imediatamente em levar a Legião para as suas paróquias. Eles puderam tirar dúvidas e compreender melhor qual o papel que a Legião de Maria se propõe a desempenhar no interior de nossas comunidades.

Depois tive a oportunidade de encontrar-me com os diáconos permanentes. Homens de grande boa vontade que conduzem, junto com os presbíteros, as comunidades da Diocese de Rio Branco. Também estes se demonstraram muito abertos e desejosos de poder contar com mais essa ajuda para que a pastoral cresça e o Reino de Deus se expanda em terras acreanas.

Os encontros com as comissões de leigos aconteciam durante a noite. Alguns não puderam participar, infelizmente. Mas, os que participaram tiveram a oportunidade de conhecer através de uma pequena partilha e de material de divulgação amplamente ofertado a eles, o que vem a ser a Legião de Maria e qual é o objetivo ao qual ela se propõe, a saber, ser um “instrumento de Cristo pelas mãos de Maria”, a fim de que o Evangelho chegue aos corações dos homens. Expliquei exaustivamente que nosso objetivo não é ser apenas um grupo onde se reza o terço, mas que este encontro semanal é como que a fonte donde o legionário extrai a força necessária para cumprir um outro elemento essencial do seu ser legionário: o trabalho semanal. Trabalho esse que, como ensina o Manual, é tão diverso quanto diversas são as necessidades de cada local.

Uma graça particular foi poder celebrar a festa da Acies de uma das Curiae de Rio Branco. Ali estavam, em plena tarde de uma quarta-feira, homens e mulheres de muito boa vontade, participando da Eucaristia e renovando, diante do Senhor, seus votos legionários. Foi, sem dúvida, um dos melhores momentos de minha visita a Rio Branco.

Contudo, também pude constatar algumas necessidades um tanto quanto urgentes, para que a Legião de Maria possa crescer e não decrescer em terras acreanas. A primeira dessas necessidades é a fundação de uma Regia, o que, esperamos, possa acontecer o quanto antes. Assim, o cuidado com os Comitia, as Curiae e, consequentemente, com os Praesidiae poderia se dar de modo mais constante e os problemas administrativos e espirituais poderiam ser mais rapidamente resolvidos, sem que a espera fizesse com que os grupos começassem a se dissolver, como já aconteceu em alguns casos. Uma outra tarefa urgente, que a nova Regia ou, quem sabe, até mesmo um dos dois Comitia de Rio Branco poderia empreender, seria a fundação de novos Praesidiae, adultos e juvenis, cujas reuniões fossem à noite e cujo trabalho fosse mais adaptado à realidade daqueles que trabalham durante o dia todos os dias de semana. Muitos leigos me manifestaram o desejo de participar da Legião, mas como poderiam fazê-lo se as reuniões semanais são todas durante a semana e durante o dia, enquanto eles ainda estão no trabalho? Ou seja, a Legião precisa se adaptar às necessidades dos habitantes de determinado lugar a fim de facilitar-lhes o ingresso em suas fileiras.

Concluindo, pedimos ao Pai de Misericórdia que, pela intercessão de Maria, nossa Mãe e nosso Modelo, continue guiando este nosso movimento, que sem grandes pretensões, pretende ser apenas mais uma pedrinha no grande mosaico que é a vida da Igreja, a fim de que o rosto de Cristo, ainda tão desfigurado, comece a ser restaurado paulatinamente e impresso gradualmente no coração de todos os homens.

[1] Manual. Cap. 31: Expansão e Recrutamento. p. 233 “3ª edição”

Por: Padre Fábio Siqueira
5 de ago. de 2016

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Padre Fábio Siqueira, 5 de ago. de 2016

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