Belém – nascimento no lugar mais baixo
Frei Paul Churchill, Diretor Espiritual do Concilium
Todos nós podemos ficar presos na ideologia do perfeito. E quando você pertence a uma comunidade que quer proclamar bons padrões, busca fazer todas as coisas bem, fazer as coisas pequenas e comuns extraordinariamente bem (como por exemplo Therese of Lisieux e Frank Duff), há um risco de exigir perfeição dos outros, ou que tudo dê certo. E então você não está longe de ficar frustrado porque os planos não dão certo ou que alguma pessoa não é confiável. Esse mundo, por sua vez, pode levar a um mundo de julgamento, batendo, criticando e, finalmente, desencorajando os outros e, de fato, talvez você mesmo, pois você se julga um fracasso.
Um grande antídoto para tudo isso é refletir sobre a história do nascimento de Nosso Senhor. São Paulo, um zelote confesso, comentou sobre Jesus que ele se humilhou e se tornou ainda mais humilde. Jesus falou a todos nós sobre buscar o lugar mais baixo. E em seu nascimento ele faz uma declaração precoce contra esperar a perfeição.
Parece que o decreto que exigia que Maria e José fossem para Belém não estava em suas expectativas originais. Então vemos José, liderando o jumento que carregava Maria, partindo talvez em um ritmo mais lento do que normalmente faria para não tornar a jornada mais difícil. Resultado final: eles chegam tarde na cidade. Não há lugar para eles ficarem. Mas alguém tem um estábulo. Pelo menos isso proporcionará privacidade. Lá, naquela habitação feita para animais, Jesus entra em nosso mundo. Deus, por meio de quem tudo foi feito, que veio em uma missão para a raça humana, tem um lugar menos que humano para começar, devido a uma estranha combinação de eventos. Longe de ser perfeito, mas muito bem com Deus.
Em nosso novo mundo de tecnologia moderna e conexões de internet e sistemas que sincronizam, aquela manjedoura nos lembra do que é mais importante. Há dois seres humanos lá que amam este pequeno rapaz. Sua mãe o segura perto do peito e o alimenta não apenas com o leite da natureza, mas também com o espírito humano. Aquele amor nela, de uma qualidade especial nela devido a ela estar tão alinhada com o Espírito Santo, o alimenta com algo crucial para qualquer criança, a saber, amor. São José também em seu papel auxiliar o ama, se deleita com o pequeno rapaz e o ajudará a entender em termos humanos o que Pai significa.
Minha experiência de vida de tantas maneiras e em tantos casos me mostrou que se uma criança sofre de déficit de amor, gentileza, atenção e tempo, mas sofre em vez disso dureza, ela pode se tornar um tirano cruel ou um assassino em série ou muitas outras expressões de desvio. Você pode fornecer a uma criança desde o início comida, brinquedos, dinheiro, o melhor da educação, mas se ela não receber um amor caloroso de cuidado gentil, ela não dará um fruto tão saudável quanto foi feita para dar.
O estábulo de Belém era o mais atrasado que se pode imaginar para um nascimento, mas o lugar escolhido por Deus. Ele está nos ensinando uma lição. Para deixar isso ainda mais claro, os primeiros visitantes são a escória da sociedade da época: pastores pobres. Que eles eram pobres fica claro pelas palavras, “viviam nos campos”, não em casas. E assim o Rei do Céu é bem-vindo, não pelos escalões mais altos, mas pelos mais baixos, por tipos rudes e rudes, que eram desprezados e menosprezados por sua sociedade.
Deus veio ao mundo que era tão bagunçado quanto possível, em um espaço humano bagunçado, uma mãe que foi encontrada grávida antes de se casar, assumida por um homem que a princípio estava hesitante sobre ela, bagunçada na maneira como deu à luz seu filho e também muito longe do apoio da família. Mas Deus trabalha em um mundo bagunçado que às vezes pode ser desorganizado, imperfeito, longe do ideal, abaixo do padrão básico, mas ainda assim obtém o melhor resultado. Lição para todos nós!
Maria quer que sua Legião esteja pronta para entrar nas situações mais confusas, aquelas que são cheias de imperfeições e para levar o amor de Deus a esse mundo. Ela quer que sua Legião busque as almas mais perdidas e mostre a elas seu Filho que veio por elas com seu amor, e para tranquilizá-las dessa realidade. E almas perdidas também podem incluir aquelas que têm tudo perfeito, boa organização, pilares da sociedade, mas que vivem em um mundo que podem controlar, mesmo sem precisar de Deus e, no fundo, sem o menor cuidado com ninguém.
E finalmente essa pobre alma pode ser você e eu. Devemos ser como aquele publicano que disse: “Senhor, tem misericórdia de mim, pecador”. Ou, pegando emprestado das Bem-aventuranças, “Senhor, sou pobre de espírito”. Posso ser crítico sobre todos os tipos de pessoas, com meu coração governado pelo mundo, movido pela ansiedade e prognósticos sombrios. Ou talvez como o antigo São Paulo que perseguia os outros, eu exijo padrões que, de fato, não estão em harmonia com o Deus verdadeiro. Vamos todos nos ajoelhar diante da humilde manjedoura e dizer a Jesus: “Senhor, sou um pastor pobre. Tenho noções sobre mim mesmo que precisam de uma verificação da realidade divina. Julgo os outros sem os teus olhos de misericórdia. Que as circunstâncias do teu humilde nascimento me mostrem os teus valores. Que a gentil Maria me ajude a me ver como tu me vês. Amém”