Allocutio – Reunião do Senatus-RJ (Janeiro/2016)

Hoje celebramos a Solenidade da Epifania do Senhor. Nós estamos vivendo esse tempo do Natal até o próximo domingo onde celebramos o Batismo do Senhor. A palavra Epifania ouvimos todos os anos na Missa e significa manifestação. Historicamente, existiam duas formas de celebrar o Natal: uma no Ocidente no dia 25 de dezembro como celebramos, onde se recordava mais o aspecto do Nascimento propriamente dito de Jesus. Já os cristãos do Oriente celebravam no dia 06 de janeiro uma outra festa onde se dava mais destaque não propriamente ao aspecto do nascimento, mas o reconhecimento da divindade de Jesus naquela cena do Evangelho que ouvimos hoje: a Visita dos Reis Magos vindos do Oriente.

Com o passar dos séculos essas duas festas se assimilaram e hoje temos no nosso calendário duas celebrações distintas: o Natal no dia 25 de dezembro onde a Igreja nos faz olhar mais para o mistério do Nascimento e depois no dia 06 de janeiro, no Brasil sempre transfere para o domingo mais próximo quando essa data não cai no domingo, por isso estamos celebrando hoje a Solenidade da Epifania, onde comemoramos mais o aspecto da divindade de Jesus Cristo, olhando não só para o seu nascimento, para o aspecto da sua humanidade, mas reconhecemos nossa humanidade, a divindade que está escondida porque ele é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, por isso celebramos no dia 1º de janeiro a Solenidade de Maria, mãe de Deus. Se ela deu a luz a Jesus que é homem e Deus, então ela é verdadeiramente a mãe de Deus.

E nessa Solenidade da Epifania ouvimos no Evangelho que nos fala da Adoração dos Magos que por tradição viraram Reis, no Evangelho não falam que eles eram reis, mas para tradição ficaram conhecidos como os Reis Magos. Ouvimos hoje para quem já participou da Missa ou quem ainda irá participar ouvirá na palavra do Evangelho aquela visita dos Magos. Eles provavelmente são astrólogos, observam os astros e acreditam que aquele astro diferente que viram nascer no Sol possa ser fossem indicação do nascimento de um Rei novo. Eles vem atrás desse Rei e como ouvimos no Evangelho eles vão procurar o Rei no lugar mais óbvio, na Capital em Jerusalém, no Palácio, mas não é lá que esse Rei está e vão seguindo a estrela até encontrar o menino no presépio.

E três coisas esses Magos fazem, eles que são pagãos vindos do Oriente fazem três gestos que devem servir como exemplo também para nossa vida cristã. O evangelho diz que quando eles chegam ao presépio guiados pela estrela e encontram o menino na manjedoura eles o adoraram. Depois o evangelho diz que eles ofereceram a Jesus três presentes: o ouro, o incenso e a mirra. E depois o evangelho termina dizendo que eles são avisados em sonho pelo anjo, que não retornaram a Herodes, mas foram embora seguindo um outro caminho.

Então a primeira atitude dos magos a adoração. Eles reconhecem em Jesus, misteriosamente, não simplesmente um rei, mas reconhece nele a sua divindade, porque eles se prostam e o adoram. Essa é uma atitude que também precisamos aprender a imitar na nossa vida, essa atitude de adoração para com o Senhor. Essa é a primeira finalidade da nossa oração. Ás vezes na nossa vida espiritual acostumamos a rezar sempre para pedir alguma coisa, quando na verdade a primeira finalidade da oração é para adorarmos a Deus, é para reconhecermos a divindade de Deus e prestarmos a ele o nosso culto de louvor e adoração. Depois também nossa oração serve para pedirmos as coisas no qual temos necessidade, mas a primeira finalidade da nossa oração é para adorarmos a Deus, é para manifestarmos o nosso reconhecimento de que ele é verdadeiramente Deus e Senhor das nossas vidas. Por isso, que a oração mais perfeita, é a oração de louvor, porque é uma oração desinteressada, onde não vamos a Deus para pedir nada, vamos para reconhecer a sua divindade, os seus benefícios, o seu amor infinito, a sua grandeza, a sua santidade. Então essa é uma primeira atitude dos Magos diante de Jesus que precisamos também imitar, a atitude da adoração. Uma adoração que se prolonga para além do momento que estamos na Igreja, ou seja, não só aquela adoração pontual que fazemos quando visitamos o Santíssimo, quando vamos a adoração na Paróquia, mas uma adoração que se prolonga na nossa vida, na nossa oração pessoal e também nas atitudes da nossa vida, porque também nossas ações devem refletir no nosso desejo de louvar a Deus em tudo, na nossa maneira de trabalhar, na nossa maneira de agirmos para com as pessoas, ou seja, tudo na nossa vida deve ser um reflexo dessa atitude contínua de adoração a Deus que podemos ter.

Depois eles oferecem a Jesus três presentes misteriosos: o ouro, o incenso e a mirra, que a tradição cristã sempre interpretou como sendo três sinais que significam aquilo que Jesus é e o coroamente da sua missão. O ouro, porque ele é verdadeiramente um Rei e ao Rei se dá o metal mais precioso, o ouro. O incenso porque ele é Deus, o incenso quando queimado leva para o céu aquela fumaça perfumada com o símbolo da nossa oração. Infelizmente no nosso meio muito sincrético, as pessoas confundem incenso com defumador da macumba. O incenso simboliza, quando queimado, a nossa oração que sobe junto a Deus. A tradição cristã sempre reconheceu nessa oferta do incenso, que os magos fazem, o reconhecimento da divindade Rei, mas também é Deus. E a mirra é um presente misterioso, porque a mirra é uma erva usada para fazer um perfume, mas no Oriente um perfume particular, a mirra era usada para fazer um perfume que servia para embalsamar o corpo dos mortos. Então a tradição sempre vê nesse terceiro presente, a mirra, o prenúncio da Paixão do Senhor, ou seja, ele recebe dos Magos o reconhecimento da sua realeza, da sua divindade e um presente que antecipa o mistério da sua Paixão.

Nessa atitude dos magos em oferecer os presentes poderíamos pensar: O que podemos também oferecer ao Senhor? Nós que estamos começando um novo ano e que geralmente começamos com um novo projeto, que pensamos em fazer coisas novas, qual o presente que poderíamos oferecer ao Senhor? O que nós temos que poderia ser ofertado para ele?

E depois a terceira coisa que os magos fazem, avisados em sonho pelo anjo, eles não retornam a Herodes, em Jerusalém, mas o evangelho diz que eles foram embora seguindo um outro caminho. Essa expressão, um outro caminho, tem o sentido primeiro, avisados pelo anjo em sonho de que Herodes queria matar o menino e seguiram uma outra direção, mas esse outro caminho também pode ser entendido como uma conversão, porque eles eram pagãos vindos do Oriente, adoravam os astros e na observação daqueles astros foram enviados por Deus, porque Deus usa a linguagem que qualquer um é capaz de entender e chegaram a encontrar o Senhor Jesus, mas aquele encontro fez agora com que eles pudessem tomar uma outra direção, não só adoradores dos astros, mas se tornaram verdadeiros adoradores de Deus. Então essa conversão também deve ser um sinal para nós, o que podemos modificar na nossa vida?, quais caminhos podemos modificar?, que conversão estamos precisando?, qual a situação da nossa vida que precisa de mudança?, qual a atitude concreta de conversão que precisamos ter nesse ano que se inicia? Claro que não esperamos modificar tudo o que somos de uma hora para outra, mas também pelo outro lado precisamos dar passos concretos na direção de uma vida de união com o Senhor e a conversão passa por aí. Precisamos observar com seriedade a nossa vida e perceber quais aspectos preciso trabalhar para reconverter, para voltar para o Senhor de maneira mais concreta.

Então, que possamos pedir que essas atitudes dos Magos: a adoração, em oferecer algo ao Senhor e a conversão, possam nos inspirar para que também sejamos mais adoradores, também possamos oferecer algo ao Senhor, também possamos nos converter um pouco mais e possamos comunicar a alegria desse nascimento as outras pessoas que encontrarmos, no meio de tantas incertezas, dúvidas, situações de luto como nossa irmã partilhou, a nossa alegria que sustenta a nossa vida é a alegria desse mistério do nascimento do Senhor, é a certeza de sabermos que ele está presente no meio de nós, não simplesmente tirando as dificuldades, mas muito mais nos ajudando a transpor essas dificuldades na confiança, na certeza da sua presença. Que possamos em nossos trabalhos legionários comunicar aos nossos irmãos essa alegria da presença do Salvador.

Por: Padre Fábio
16 de jan. de 2016

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